Eu ODEIO Rolar Iniciativa

Arte por dbellis.

Durante uma partida de RPG, as ações e resoluções se desencadeiam naturalmente, seguindo um fluxo intuitivo ditado pelo Mestre e os jogadores. Contudo, ocasionalmente as tensões entre os personagens e possíveis inimigos podem aumentar e ambos os lados resolvem usar a força para atingir seus objetivos. Nesse momento, geralmente, toda a imersão da situação é suspensa, a mesa para por cinco minutos para rolar e ordenar iniciativa, o que pode destruir a ideia de sequencia natural fluida. Por um instante, você para e lembra que não está se aventurando nas florestas misteriosas de Aldavar, e sim sentado na mesa da cozinha do seu amigo Igor, rolando dados em um jogo.

Primeiramente, para o aprofundamento da discussão, tratemos de compreender o que exatamente é a Iniciativa. Uma rápida busca no dicionário nos aponta que se trata da ação daquele que é o primeiro a propor ou realizar alguma coisa. Contudo, dentro do contexto de uma partida de RPG, podemos especificar um pouco mais essa descrição, esclarecendo um contexto no qual há um conflito entre duas ou mais partes.

Ainda dentro do campo de caracterização dos conceitos, lembremos que um teste é acionado quando há incerteza no resultado e chance de falha. Se o resultado é claro o bastante e não há consequências para uma falha, então não há necessidade para o lançamento de dados.

Eis aí o grande problema dos testes de iniciativa: em sua maior parte, eles são desnecessários. O fluxo do diálogo entre os participantes pode deixar clara a ordem de reação dos envolvidos. Se o grupo pega os inimigos de surpresa enquanto eles estavam distraídos, por que solicitar uma rolagem de dados para determinar quem age primeiro? Se os aventureiros tiveram boas ideias para se preparar para o ataque da tropa de goblins caçadores da floresta de Aldavar, por que não concedê-los o benefício da ação? Se o ladrão, com seus poderosos 18 pontos de Agilidade engaja em combate contra um guarda que veste uma pesada armadura, será que se faz realmente necessário rolar alguma coisa?

Em alguns momentos, nos quais uma grande confusão desponta e, de fato, há incerteza sobre qual dos lados seria mais veloz, sim, é importante determinar iniciativa através da rolagem de dados. Uma batalha possivelmente importante com ambos lados igualmente capazes ou situações similares pode exigir testes. Do contrário, é possível determinar a ordem de ação de outras maneiras mais simples e de fácil resolução.

Todo combate tem um contexto, todo o cenário que levou àquele momento no qual os personagens envolvidos entram em conflito físico e se dispõem aos riscos de se ferir ou até mesmo morrer. Dentro desse contexto, é necessário refletir acerca da ordem natural de resolução dos acontecimentos. Ao pensar desse modo, a rolagem de iniciativa se torna apenas uma ferramenta para momentos de necessidade.

Ainda assim, é possível que, nesses momentos em que se fazem necessários testes de iniciativa, a imersão seja quebrada durante as rolagens, pois a mecânica gera o entendimento incorreto de que a iniciativa marca o início de um combate. A realidade é diferente, uma vez que uma peleja começa quando os envolvidos resolvem se enfrentar e os personagens (sejam eles dos jogadores ou do Mestre) indicam, em linhas gerais, quais ações desejam tomar. Se o grupo demonstra suas intenções de atacar, é correspondido pelas intenções dos goblins inimigos, e ambos os lados concordam em se engajar numa batalha, então se inicia um combate. A iniciativa é apenas a ferramenta ativada em resposta a isso.

Combates são uma parte importante numa aventura de fantasia clássica e sistemas de RPG costumam embasar a maior parte de suas regras na resolução desses momentos, o que pode deixar cenas de batalha muito travadas em comparação ao restante do jogo. Contudo, ao compreender que as regras são apenas ferramentas da narrativa, é possível simplificar a resolução de vários eventos, tornando uma partida mais fluida e mais divertida para todos.

Referências


Um comentário:

  1. Eu tenho certo receio sobre iniciativa, mais não descarto seu valor em algumas ocasiões... Por exemplo quando os personagens já estão a par da situação e que em qualquer momento poderá acontecer um grande evento dentro da situação, o mesmo acontece em situações opostas ataques elaborados pelos inimigos onde nenhuma das partes esteja esperando... O certo seria pensa numa ordem específica onde aqueles com maior perícia dada a situação reagiriam relativamente mais rápido que os demais.

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